Zerar ICMS sobre Alimentos: Benefícios e Desafios para o Empreendedor

Em: 11/10/2025

Por: Eulanison Rodrigues Sousa

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A proposta de zerar o ICMS sobre alimentos essenciais tem sido debatida em diversos estados brasileiros como uma estratégia para reduzir o impacto da inflação sobre a população mais vulnerável. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um dos principais tributos estaduais e incide sobre praticamente todos os produtos comercializados, incluindo gêneros alimentícios. A redução ou isenção desse imposto pode trazer vantagens para o consumidor, mas também gera desafios para os empreendedores do setor alimentício.

Vantagens da Isenção do ICMS para o Empreendedor

Uma das principais vantagens da isenção do ICMS é a possibilidade de redução do preço final dos alimentos. Com a retirada desse tributo, os produtos podem se tornar mais acessíveis, aumentando o consumo e impulsionando as vendas. Pequenos e médios comerciantes, em especial, podem se beneficiar desse cenário, pois um maior volume de vendas pode compensar a eventual perda de arrecadação inicial. Além disso, a isenção do ICMS pode tornar o ambiente de negócios mais competitivo, uma vez que empresas poderão praticar preços mais baixos sem comprometer suas margens de lucro.

Outro ponto positivo é a simplificação tributária. O ICMS é um imposto complexo, com regras que variam entre estados e frequentemente geram dificuldades contábeis para os empreendedores. Com a eliminação desse tributo sobre os alimentos básicos, empresários poderão reduzir custos operacionais relacionados à gestão fiscal e tributária, tornando a administração do negócio mais eficiente.

Desafios e Desvantagens para os Empreendedores

Apesar dos benefícios, a isenção do ICMS sobre alimentos também apresenta desafios significativos. A principal preocupação dos empreendedores é a possível perda de arrecadação estadual, o que pode levar os governos a compensarem essa redução de receita com aumentos em outros tributos ou cortes em incentivos fiscais que beneficiam o setor empresarial. Caso isso aconteça, algumas empresas podem enfrentar dificuldades financeiras, especialmente aquelas que dependem de incentivos estaduais para manter sua competitividade.

Outro problema é o impacto sobre a cadeia produtiva. Embora a isenção do ICMS reduza o custo final dos produtos, a medida pode não abranger outros tributos e encargos que incidem sobre a produção e distribuição de alimentos. Se os fornecedores não tiverem os mesmos benefícios fiscais, o custo de produção pode se manter alto, reduzindo os efeitos positivos esperados da isenção do ICMS.

Além disso, há o risco de distorções no mercado. Em alguns estados, a isenção pode favorecer determinadas categorias de empreendedores em detrimento de outras, criando um desequilíbrio competitivo. Grandes redes de varejo, por exemplo, podem se beneficiar mais do que pequenos comerciantes, pois possuem maior poder de negociação com fornecedores e podem repassar os ganhos tributários de forma mais eficiente aos consumidores.

Conclusão

A proposta de zerar o ICMS sobre alimentos é uma medida que pode beneficiar os consumidores e estimular o setor alimentício, mas seu impacto sobre os empreendedores dependerá da forma como a política for implementada. Para que a isenção seja realmente vantajosa para o setor empresarial, é essencial que os governos estaduais equilibrem a perda de arrecadação sem onerar outras áreas econômicas. Além disso, medidas complementares, como a redução da carga tributária sobre a cadeia produtiva e a ampliação de incentivos fiscais para pequenos negócios, podem ajudar a maximizar os efeitos positivos da isenção do ICMS. Dessa forma, a economia pode se fortalecer sem prejudicar o desenvolvimento e a competitividade dos empreendedores brasileiros.

 

Eulanison Rodrigues Sousa

Administrador e Professor com especialização em Finanças pela FGV, Didática em Educação Financeira e Gestão Administrativa e Recursos Humanos

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