A tradicional festa de aniversário de Fartura do Piauí teve uma mudança drástica este ano. O show da banda Calcinha Preta, que estava confirmado na programação, foi cancelado pela prefeitura após recomendação do Ministério Público do Piauí (MPPI). O motivo: o município enfrenta uma das secas mais severas dos últimos anos e está em estado de emergência reconhecido oficialmente pelo Governo do Estado.
A recomendação do MPPI veio como forma de priorizar o uso dos recursos públicos em ações emergenciais, como o abastecimento de água e o apoio às famílias afetadas pela estiagem. Diante do cenário crítico, a gestão municipal optou por seguir a orientação e suspender o evento de grande porte.
O prefeito de Fartura do Piauí, Orlando Costa, emocionado, relatou em entrevista à TV Clube a gravidade da situação enfrentada pela população. Ele, que já trabalhou como motorista de carro-pipa, revelou que o município não registra chuvas desde novembro de 2024.
“A situação é caótica, precária, lamentável. O inverno começa em novembro e, de lá para cá, não choveu. O povo procura por água e cesta básica. Os bichos estão morrendo de sede. Eu fui pipeiro por vários anos e nunca vi o pequeno agricultor pedir água de carro-pipa para dar aos animais”, desabafou o gestor.
No último dia 2 de abril, o Governo do Piauí decretou situação de emergência em 129 municípios atingidos pela seca – Fartura do Piauí está entre eles. Em resposta à crise, a Secretaria Estadual da Defesa Civil (Sedec) anunciou a liberação de R$ 6 milhões para reforçar o abastecimento de água nas cidades mais afetadas, por meio da Operação Carro-Pipa.
Além disso, a Secretaria da Assistência Social (Sasc) planeja distribuir um auxílio emergencial de R$ 400 por família impactada, totalizando R$ 5 milhões em repasses. A expectativa é atender milhares de famílias que enfrentam dificuldades extremas devido à estiagem prolongada.
Apesar do cancelamento do show principal, a prefeitura avalia manter atividades simbólicas e de baixo custo para marcar o aniversário da cidade, respeitando as limitações orçamentárias e a necessidade de priorizar o socorro à população.