Cidade do Vaticano — Em um momento de crescente especulação sobre sua saúde e possível renúncia, o Papa Francisco, de 88 anos, reafirmou sua liderança à frente da Igreja Católica ao aprovar um novo ciclo de reformas estruturais. A decisão, anunciada pelo Vaticano neste sábado, destaca sua intenção de conduzir a Igreja em um caminho de modernização e inclusão, mesmo em meio a desafios físicos cada vez mais evidentes.
O pontífice, que recentemente enfrentou complicações de saúde e passou um período hospitalizado devido a uma infecção respiratória, não dá sinais de desacelerar. Seu mais recente projeto, um plano de três anos para aprofundar mudanças iniciadas pelo Sínodo dos Bispos, reflete sua visão de uma Igreja mais aberta e participativa. Entre as pautas em discussão, estão o papel das mulheres no clero e a inclusão da comunidade LGBTQ+ na vida católica.
O anúncio ocorre após a assembleia do Sínodo realizada em outubro passado, que embora tenha levantado debates importantes, não chegou a conclusões definitivas. A nova fase prevê uma série de consultas globais com fiéis e lideranças da Igreja, culminando em uma nova reunião de cúpula em 2028. Fontes próximas ao Papa afirmam que ele vê esse processo como um legado duradouro de seu pontificado.
A decisão de lançar uma nova fase de reformas ocorre em um contexto de resistência interna. Setores conservadores da Igreja têm manifestado preocupação com a direção das mudanças, argumentando que Francisco está diluindo ensinamentos tradicionais. No entanto, aliados do pontífice destacam que seu compromisso com a inclusão e a adaptação às realidades contemporâneas é essencial para manter a relevância da Igreja no século XXI.
Cardeais próximos ao Papa, como Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, afirmam que Francisco não apenas está conduzindo a Igreja por uma transformação estrutural, mas também consolidando um novo impulso missionário. “O Papa acredita que este é um momento de esperança, não de hesitação”, disse Grech.
Desde sua eleição em 2013, Francisco tem sido um reformador incansável, buscando descentralizar o poder da Igreja e torná-la mais acessível aos fiéis. Suas reformas, embora amplamente apoiadas por setores progressistas, enfrentam forte resistência de um núcleo conservador que teme que mudanças excessivas possam comprometer a identidade da instituição.
Para analistas do Vaticano, o novo plano de reformas é um indicativo de que Francisco não pretende abdicar, mas sim consolidar sua influência no futuro da Igreja. O professor Massimo Faggioli, especialista em papado e professor da Universidade Villanova, vê o anúncio como um marco para o pontificado. “Este é um movimento estratégico. Ele não apenas sinaliza sua permanência, mas também define os rumos da Igreja para além de seu tempo como líder máximo”, afirmou.
Enquanto isso, Francisco segue se recuperando em meio a uma agenda cada vez mais desafiadora. Se seu plano será bem-sucedido ou não, ainda é uma incógnita. Mas uma coisa é certa: o Papa não pretende encerrar sua jornada sem deixar sua marca definitiva na história da Igreja Católica.
Fonte: Reuters/Agencia Brasil